És feliz . Vives no teu pequeno mundo , ao qual apenas tu pertences , raínha de ti mesma , regalada nessa tua alegre inocência . Tinha-lo construído dedicadamente , peça por peça , na esperança de vir inclusivé a tocar no céu , qual torre de Babel . Mas tudo não passa de uma ilusão . Um dia acordas e vês que és uma criatura ínfima , miserável , e que a tua pequenez é constantemente realçada pela imensidão do mundo e de todas as coisas . Apercebes-te de que a tua vida e felicidade pode importar muito aos teus chegados , mas que em nada interfere com as leis da natureza e com o funcionamento do universo . A terra continua a girar quer estejas ou não presente , quer aproveites ou não ao máximo todos os momentos . Tomas consiência de que afinal não és nada . E desesperas . Desistes de fazer planos para o futuro . Porque , promissor ou não , o teu último lar será a sepultura onde perpetuarás , esquecida aos olhos dos demais , abandonada às mãos de um Deus impiedoso , a quem decides chamar de Tempo e condenar inutilmente com palavras vãs . Não vale a pena . Resigna-te e aprende a seguir de cabeça erguida o teu destino . Se ele nada se importa contigo , então mostra-lhe que és forte e nega-lhe , tanto quanto possível , as lágrimas de dor e os gemidos de sofrimento . Vive . Vive ao máximo . Vive muito . Ama intensamente , mas não obsessivamente . Cuida da tua felicidade , purifica o teu interior . Não gastes inutilmente as vagas horas da tua vida , pois todo o tempo é precioso . Para o mundo , és pó . Para ti , tu és aquilo que resta entre o nada e coisa nenhuma